quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Ingratidão

Postado e Escrito por Renata Palombo
Fonte: www.scx.hu

Hoje na hora do almoço, lá no meu trabalho, o assunto era a malcriação dos filhos. No meio da conversa uma senhora viúva, sem filhos e com aproximadamente 60 anos falou a seguinte frase:

- Quando eu retirei meu útero devido a uma doença, muitas pessoas me perguntavam porque eu não adotava uma criança. Eu não! Ainda bem que não adotei. Já pensou eu pegar filho dos outros pra criar e depois ainda ter que ouvir "você não manda em mim porque você não é minha mãe"? Deus me livre!

Na hora que ouvi isso, eu fiquei com muita vontade de responder algo. Acho que eu queria convencê-la de que a adoção poderia ter sido legal pra ela e que é bom sim ter filhos, mas acabei não falando nada porque achei que não valia a pena entrar nesse mérito da discussão. Ainda bem que eu não respondi nada mesmo, porque depois, pensando bem no assunto eu acabei dando razão pra ela.

Ela está certíssima!!! Se ela se sente incapaz de lidar com a ingratidão de um filho, fez muito bem em não tê-los. Sim! Porque filhos são naturalmente ingratos! E infelizmente tem um monte de gente por aí sem nenhum recurso interno para lidar com a ingratidão dos filhos que insiste em tê-los. E pior, não é pela adoção não! É pela geração de uma nova vida literalmente. Alguns fazem isso  por motivações egoístas e outros meramente para responder a uma demanda social que cobra que "todo mundo" deve ter filhos.

Os filhos por adoção falam mesmo frases como: "você não manda em mim porque você não é minha mãe" e alguns ainda falam: "era melhor ter ficado no abrigo", "eu preferia ter sido adotado por outra família", "minha mãe verdadeira era melhor do que você" (mães por adoção sabem do que eu estou falando). Estes filhos falam estas frases simplesmente porque estas são as armas que eles têm para nos atingir, nos afetar, demonstrar insatisfação...

Os filhos biológico não podem usar estas armas, então acabam usando outras tão eficazes quanto para afetar os pais. Filhos biológico dizem coisas como "eu não pedi pra nascer", "você não manda em mim porque você me colocou no mundo porque você quis", "prefiro minha avó do que você", "preferia ser fiho da mãe da fulana" (mães biológicas sabem do que estou falando).

O fato é: cada um usa a arma que tem para demonstrar ingratidão!!!

Do jeito que eu estou escrevendo até parece que pra mim é muito natural lidar com esta situação. Mas não é não! É óbvio que eu espero gratidão dos meus filhos e eu odeio ouvir estas frases. Mas o que eu quero concluir aqui não é se ouvir estas falas é bom ou ruim, quero concluir usando a conclusão da sábia senhora do inicio do texto que soube reconhecer suas limitações e não colocou ninguém no mundo para depositar suas frustrações:

"Não tenha filhos se você não tiver recursos e disponibilidade interna para aceitar a ingratidão deles"

Se eu tenho recursos internos para lidar com a ingratidão dos meus filhos? Sinceramente acho que não... mas eu tenho disponibilidade interna para conquistar isso e é o que eu tenho feito diariamente. Diariamente busco alternativas de me reconstruir e me (re) descobrir enquanto mãe, a fim de superar minhas limitações e ser cada dia melhor. As vezes eu consigo, as vezes não!

E você? Tem recursos internos para lidar com a ingratidão de um filho? 


6 comentários:

Anônimo disse...

A senhora do texto precisa se defender qnto as suas limitações... Certamente reconhece sua falta de habilidade pro doar se, pro amor incondicional e divide esse peso com aqueles q receberiam... Eh preferível imaginar q teria péssimos filhos do q assumir q seria uma péssima mãe. Até pq não existe mulheres q nasceram pra ser mães, existem mães q nascem e se descobrem qndo na vida delas nasce um filho. seja o nascimento por adoção, por césarea, por fórceps, normal, natural, enfim....

Rosana Gonçalves disse...

Imagino o quanto deva ser complicado lidar com a ingratidão dos filhos, eu acredito que não esteja preparada, mas assim como vc estou disposta e aberta a aprender. Parabéns a vc pela presença de espírito que teve diante do comentário da senhora e pela lição que nos presenteou. Gde bj, Rosana

Renata Palombo disse...

Anônimo,

Adorei o q escreveu e concordo 100% com vc qdo fala que talvez a senhora tenha projetado no possível filho mau a possível mãe mau que seria. Mas ainda acho q tem pessoas q não nasceram para ser mãe mesmo...muitas não conseguem se descobrir e se desenvolver enquanto mães mesmo quando a vida lhes obriga a esta função. Fica aí´... muitas idéias para refletirmos, não é?

Renata Palombo disse...

Rosana, obrigada pelo comentário. Te convido a aprendermos juntas... nos visite sempre e deixe suas opiniões...

Patrícia Ferraz disse...

Lindo Texto Re!! perfeito!!!!

Bjusss

Patrícia Ferraz disse...

Lindo Text Rê....

Perfeito!!!

Bjusss

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