quarta-feira, 27 de julho de 2011

Filhos: Ensinantes Naturais

Postado e Escrito por: Renata Palombo
Fonte: Google Imagens
Um sábado desses, meu marido e eu estávamos em um almoço com três casais de amigos e começamos um assunto muito interessante sobre educação de filhos. Dentre as muitas coisas que foram surgindo na conversa, falamos das grandes frustrações que vivemos na relação com nossos filhos.
Todo mundo deve conhecer algum pai ou mãe que passou a vida tentando fazer o filho ser aquilo que eles sonhavam que fosse. Talvez você conheça alguém que queria ter um filho atleta e o filho escolheu tocar um instrumento musical, um pai Corinthiano com o filho Palmeirense, um pai que queria que a filha assumisse seus negócios e ela decidiu ser enfermeira e fazer trabalho voluntário em outro país. Talvez você seja aquele menino que adorava brincar de luta, soldado e super-heróis que veio no lugar daquela menina que sua mãe sonhava em vestir igual boneca e confidenciar as coisas do coração. Talvez você tenha sido aquele bebê chorão e cheio de cólicas que veio no lugar do bebê calminho que seus pais tanto almejavam.
Estou para dizer que os filhos nos frustram mesmo antes de nascer. Sabe aquela terrível frustração de ficar menstruada depois de dias de atraso, quando se esperava estar grávida?
O fato é que, uma parcela muito grande da população (e você também deve conhecer famílias assim) fixa-se nas frustrações e passam a vida lamentando que os filhos não são o que eles queriam ou pior ainda, passam a vida buscando alternativas para forçar os filhos a serem o que eles jamais serão. Quantas relações entre pais e filhos estão extremamente contaminadas por estas “decepções” nunca elaboradas? Pais que jamais aceitarão seus filhos como realmente são ou filhos que passarão a vida tentando agradar os pais e jamais serão felizes.
A frustração dói... ela pode doer para toda a vida fazendo-nos revoltados e/ou amargurados ou pode nos ENSINAR outros caminhos, outras alternativas, outras histórias, outros desejos... Basta estarmos abertos para APRENDER.
É isso mesmo! Estou falando em APRENDER. Pais precisam estar abertos para APRENDER. Dentro da família existem papéis sociais e o que ouvimos a vida inteira é que o papel dos pais é de ensinar e o papel dos filhos é de aprender. É muito comum em palestras e livros sobre educação infantil, entrevistas de psicólogos e pedagogos renomados e muitas vezes até nos sermões da igreja, ouvirmos sobre a obrigação dos pais de educar e ensinar os filhos. Eu mesma enquanto psicóloga já me utilizei dessas falas e crenças inúmeras vezes em atendimentos, orientações de pais e palestras.
Depois que me tornei mãe passei a refletir muito mais sobre o assunto. De fato minha responsabilidade enquanto educadora é muito grande e Deus espera que eu faça isso da melhor forma possível, o que eu não imaginava era que nossos filhos nos ensinassem muito mais do que nós a eles. Dizer apenas que os pais devem ensinar e os filhos aprender me parece, hoje, uma visão parcial e empobrecida da vida e da relação familiar.
Para cumprirmos nosso papel social de educadores e orientadores de nossos filhos despendemos grandes esforços. Esta tarefa tão importante nos exige tempo e paciência. Temos uma intenção explícita em educá-los e somos influenciados pelos critérios sociais e artificiais da sociedade. Na tentativa de dar conta desta missão buscamos recursos na mídia, com profissionais da educação, em teorias pedagógicas, rituais religiosos e após tantos esforços acabamos exauridos e com dúvidas se de fato fizemos o que era certo, o que era melhor.
Os filhos não precisam de nada disso para ensinar! Eles são ensinantes naturais. Ensinam sem se importar com os critérios sociais, não buscam influências ou aprovação do meio e nem se quer tem consciência que estão educando seus pais.
Achei na internet (www.clickfamilia.org.br) um texto escrito por Eduardo R. Cattaneo que conta o quanto seus filhos tem lhe ensinado. Começa falando que seu primeiro filho contrariou a previsão não podendo nascer de parto normal porque tinha 4 circulares de cordão e que por se tratar de uma cesárea ele não pôde estar presente no parto conforme tinham planejado. Nesse momento o filho ensinou-lhes a aceitar que as coisas nem sempre saem como planejam ou desejam. Dois anos depois nasceu a segunda filha de parto normal contrariando todas as opiniões que indicavam que se o primeiro foi cesárea o segundo também seria. Então essa menina lhes ensinou que deveriam ter uma visão otimista da vida, que deveriam crer e esperar quando tudo indicava que as coisas não seriam como planejavam.
Logo em seguida um de seus filhos contraiu uma doença que colocou em risco sua vida e mesmo assim não deixou de sorrir. Esse sorriso ensinou os pais sobre a capacidade que tinham para enfrentar as dificuldades.
Os filhos ensinaram a ele e a sua esposa a habilidade de trabalharem em equipe, pois quando chegavam esgotados pela luta cotidiana precisavam se revezar nas atividades da casa e dos cuidados com as crianças. Ao chegarem cansados do trabalho e ouvirem as vozes dos filhos aprenderam que podem deixar os problemas do trabalho de lado, e quando não se pode, há de compartilhá-los para torna-los mais suportáveis.
Seus filhos também lhes ensinaram paciência quando precisaram suportar brigas e maus comportamentos, ensinaram responsabilidade quando precisaram assumir o prejuízo da janela do vizinho quebrada com a bola e ensinaram perseverança para conseguir tecer neles os bons hábitos.
Assim como os relatos citados nos últimos parágrafos, muitos de nós poderíamos pensar em nosso dia-a-dia e listar inúmeras coisas que nossos filhos nos ensinam diariamente. Certamente todos têm experiências assim para partilhar.
Na Bíblia, em Mateus 06 do versículo 30 em diante, conta que Jesus e os discípulos não tinham tempo nem para comer visto que inúmeras pessoas iam e vinham ao encontro deles. Então Jesus propõe aos discípulos que fossem até um lugar deserto a fim de descansarem. Foram então a sós num barco para um lugar solitário, porém parte da população os viram partir e a pé correram para onde eles estavam indo e conseguiram chegar antes de Jesus e dos discípulos. No versículo 34 do mesmo capítulo, lê-se: “Ao desembarcar, viu Jesus uma grande multidão e compadeceu-se deles, porque eram como ovelhas que não têm pastor. E passou a ensinar-lhes muitas coisas”.
Talvez hoje Jesus olhe para os pais da terra e se compadeça de nós. Talvez nos veja como ovelhas sem pastor que não sabem para onde ir em relação a educação de nossos filhos. Mesmo cansado, muito cansado, Jesus ensinou aquelas pessoas perdidas. E ele quer fazer o mesmo com a gente hoje. Jesus está sedento para nos ensinar a sermos pais, a sermos pessoas melhores. Tenho certeza que muitas vezes Ele tenta nos ensinar através de nossos filhos, através de frustrações, mas como educadores que a sociedade espera que sejamos nem sempre estamos dispostos a APRENDER.
Que daqui pra frente deixemos um pouco as convenções sociais de lado e possamos nos esforçar para aprendermos mais com nossos ensinantes naturais. Todas as vezes que enfrentarmos um problema ou dificuldade na relação com os filhos, não deixemos nos encharcar pelos sentimentos de frustração, por mais que seja inevitável senti-la, mas que possamos olhar para a situação a fim de compreender o que nossos filhos estão tentando nos ensinar, nem que seja apenas para aprender a aceitar o outro como ele é e não como gostaríamos que ele fosse.
Missão difícil!!! Mas possível com a ajuda e o poder de Deus. Não podia haver Alguém melhor do que Deus para nos ajudar com isso, pois Ele sabe o que é realmente a aceitação incondicional... mas isso é um assunto para outro dia...

terça-feira, 26 de julho de 2011

GRATIDÃO

Postado e Escrito por: Renata Palombo
Fonte: Google Imagens
Muitas pessoas já olharam para os meus filhos e disseram:

"Que sorte a deles! O que seria da vida deles sem vocês? Onde estariam?"

Geralmente estas falas veem acompanhadas de admiração como se estivessem sugerindo que num "ato heróico" nós os salvamos de um futuro fadado ao fracasso.

Acho que é inevitável pensarem isso. Confesso que eu mesma já pensei nisso algumas vezes, mas na verdade, acreditar nisso seria pura PRETENÇÃO!

Seria acreditar que eu e meu marido somos as melhores e mais bem preparadas pessoas para ter filhos.

Seria acreditar que temos poder para transformar as piores possibilidades de futuro em sucesso absoluto.

Seria acreditar que pelo nosso "ato heróico" nossos filhos nos deverão gratidão eterna.

Todos sabemos que nada disso é verdade!

Somos falhos! Nada do que fizermos garantirá um futuro de sucesso absoluto! E meus filhos não nos devem gratidão!

É bem verdade que eu espero gratidão deles SIM! Seria hipócrita se dissesse que não espero! Mas que fique claro que isso é o que eu espero e não o que eles me devem. Isso não é uma dívida! Eu espero gratidão porque sou MÃE e mães esperam gratidão.

Alguma mãe não espera gratidão de seus filhos? Alguma mãe não sofre quando o filho fala que não pediu para nascer ou quando manifesta desejo de ir embora de casa só porque não pode assistir o que quer na TV? Alguma mãe não sente o coração doer quando numa forma infantil de protestar o filho fala que gosta mais da avó ou que preferia ser filho da mãe do amigo? Alguma mãe não sofre quando o filho reclama da comida, da roupa, da arrumação ou de qualquer outra coisas que tenha sido feita com todo carinho?

Eu também sofro com os "lapsos" de ingratidão deles. Odeio passar por esses momentos. Mas isso vem no pacote de SER MÃE e vamos descobrindo "as duras penas".

Será que alguém já olhou para minha família e pensou sobre o que seria da gente se não os tivessemos como filhos? Como seríamos? O que estaríamos fazendo?

Eu nao sei o que seria das nossas vidas se não nos tivéssemos. Talvez seríamos mais felizes, talvez não. Talvez teríamos menos amor, talvez mais. Talvez encontrassemos outras pessoas, talvez ficaríamos sozinhos para sempre. Quem vai saber qual seria o futuro de uma história que não aconteceu?

O fato é que ninguém DEVE nada a ninguém. Nós escolhemos este caminho.

Pensando bem, acho que há sim uma dívida de gratidão. É a GRATIDÃO a Deus por ter cruzado nossos caminhos.

Obrigada Senhor!!!
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