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sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Adoção Tardia: Por que não?

Postado e Escrito por Renata Palombo

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Fonte da Imagem:http://www.paisefilhos.pt/

A adoção, por si só, já é um tema muito complexo de ser abordado, em se tratando de adoção tardia a complexidade aumenta ainda mais. Vemos que a adoção tardia é permeada por muitos preconceitos e infelizmente no Brasil, os poucos estudos científicos que existem nessa área descrevem casos clínicos e psiquiátricos que associam a adoção a problemas e fracassos.  

No entanto, nos últimos anos o tema tem sido cada vez mais divulgado e discutido, principalmente pelo aumento de Grupos de Estudo e Apoio a Adoção. Isso tem refletido socialmente de forma positiva, colaborando para desmistificar os conceitos errados sobre adoção. Fato que esse avanço acontece “a passos de formiga”, mas não deixa de ser um avanço que precisa ser valorizado.

Hoje, no Brasil, a adoção é vista como solução para infertilidade, o q faz com que a maioria dos candidatos a pais adotivos desejem adotar um bebê. Em geral somente as crianças até três anos conseguem colocação em famílias substitutas. As crianças mais velhas são adotadas por estrangeiros ou permanecem nas instituições até completarem a maioridade.

É bem verdade que a LENTIDÃO da justiça contribui MUITO para que muitas crianças com perfil para adoção permaneçam institucionalizadas e cresçam nos abrigos. Porém este é assunto para outro post.

As justificativas dos adotantes para rejeitarem crianças mais velhas relacionam-se fundamentalmente com o medo das dificuldades na educação (como se ter filhos biológicos ou adotar bebês garantisse controle e sucesso na educação destes).

Muitos acreditam que crianças adotadas tardiamente viriam com padrões sociais estabelecidos e não seriam capazes de se adaptar a nova realidade familiar e atender aos anseios dos pais (como se filhos biológicos ou adotados bebês atendesse a todos os anseios parentais).

Os preconceitos mais comuns quanto a adoção tardia são:

a) medo de adotar crianças mais velhas pela dificuldade da educação

b) receio que a criança venha com maus hábitos

c) a criança saberá de sua origem, sendo melhor adotar bebê e esconder dela que é adotada simulando por toda a vida uma família biológica.

Muitas famílias não bancam a adoção tardia porque não sabem diferenciar entre a aceitação/inserção completa da criança na família, e o desejo/tentativa de apagar suas origens e história de vida. 

É necessário que pais adotivos tenham muito claro que ainda que adotem recém-nascidos jamais poderão apagar a origem e história de vida pregressa à eles. Viver na mentira não é o mais indicado para construir a base de uma família. Saber que é adotado não é o grande vilão das crianças que apresentam problemas emocionais ao longo da vida... o grande vilão é sem duvida o significado que os pais dão para esta adoção. Podemos citar aqui alguns significados ruins que se dá para a filiação adotiva como por exemplo, usar a adoção como prêmio de consolação para infertilidade e depositar na crianças suas frustrações por nunca ter conseguido gerar biologicamente, valorizar mais o “sangue que corre na veia” do que a convivência e a aceitação incondicional, usar a adoção da criança para resolver um problema conjugal, usar a adoção como forma de responder a uma cobrança social de que é necessário ter filhos, desejo de fazer caridade... entre tantos outros significados disfuncionais que poderíamos citar aqui.

A adoção desta maneira termina por não ser um processo nada fácil. Seria necessário uma mudança na sociedade e um preparo das pessoas para proporcionar de fato o encontro de pais para todas as crianças.

Hoje, o fato é que uma imensa quantidade de crianças acima de três anos continuam sem família enquanto uma imensa quantidade de candidatos a adoção pleiteiam crianças mais novas.

As crianças maiores ficam à espera de pais, e pais a espera de bebês. 

Adoção Tardia: Por que não?

Fonte consultada: Ebrahim, S. G. (2001). Adoção Tardia: Altruísmo, Maturidade e Estabilidade Emocional. Psicol. Relfex. Crit. vol. 14 nº1 Porto Alegre

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Como Fui Escolhida - Uma História de Adoção Tardia

Escrito por Romilda Alessandra P. Trindade
Postado por Renata Palombo
                                  
Fonte: Arquivo Pessoal
 
Hoje quem conta sua história pra gente é a Rô... Uma pessoa muito, muito especial para mim por "n" motivos, dentre eles o fato de que sua presença na minha família e na minha vida legitima a certeza de que eu fiz a melhor escolha, a escolha do amor... Me emocionei ao ler seu relato!!! Obrigada Rô, por compartilhar sua história com o "Descobrindo a Maternagem". Tenho certeza que nossos leitores vão se emocionar também e gostar muito de conhecer um pouco de você...

 
"Em minha história de vida existiram muitas perdas e começaram precocemente, porém contribuíram para minha formação e fortalecimento.
 
Nasci na cidade de Cachoeirinha/RS, aos meus dois anos de vida meu pai biológico faleceu. Tenho poucas lembranças dele, mas uma vívida em minha mente é de cavalgarmos, ele me segurava de forma muito afetiva e protetora.
 
 
Já minha mãe biológica faleceu na minha presença, quando eu tinha apenas sete anos de idade. A partir deste dia minha vida mudou, pois minha irmã mais velha e eu fomos morar em outra cidade com um casal de conhecidos.
 
 
Porém, mesmo antes de eu nascer, Deus já tinha tudo planejado... recém-casada, "minha irmã do coração”, foi viver em uma cidade próxima àquela na qual eu estava. Seu esposo acabou conhecendo minha história e dividiu com ela, que por sua vez ligou para São Paulo e contou à mãe. Minha, então futura, mãe estava triste, pois já que sua filha primogênita acabara de se casar e mudara para o Rio Grade do Sul. Ouviu a história atentamente e, segundo ela, bastante comovida fez apenas uma pergunta: “Ela não tem mais ninguém? Se não tiver e ela quiser vou buscá-la”.
 
Minha futura irmã então me contou de São Paulo e perguntou se gostaria de “ter uma nova família”. Confesso que fiquei dividida, ora era uma oportunidade incrível, mas eu não queria ficar longe de minha irmã biológica. Conversei com ela que me convenceu das vantagens de ter uma nova família, e foi assim que eu aceitei... mesmo com medo.
 
 
Logo, minha nova mãe foi me conhecer e me buscar. Podemos dizer que foi “amor à primeira vista”, aquele olhar meigo e terno e o sorriso dócil me cativaram.
 
 
Chegando a São Paulo conheci meu novo pai e meu novo irmão, os quais estavam ansiosamente me aguardando. Eu estava com medo e tímida, mas todos foram muito compreensivos. Eu tinha apenas oito anos quando “nasci” nesta nova família.

Fomos ao juizado; entrevista com assistente social, entrevista com psicóloga, entrevista com juiz... todos preocupados com meu bem estar e se realmente era isto que eu queria. Naturalmente, eu não tinha dúvidas que esta nova família me amava.

Um ano depois de meu “nascimento”, minha “certidão” estava pronta. Era oficial!

Não vou dizer que foi fácil, pois toda a adaptação leva tempo e é complicada. Adaptar é harmonizar, acomodar, adequar sentimentos, a vida.

Não consigo imaginar como seria minha vida se meus pais não tivessem me adotado, se eles não tivessem decidido investir nesta relação, por medo e insegurança, como muitos fazem. “Adotar? Pode dar problema!” “Não conheço a família.” “E a genética?”

Meus pais não pensaram nisso. Apenas agiram com o coração, com o amor! Como minha mãe me falava: era seu desejo ter três filhos, desde solteira. Me contava que, após ter meus irmãos, sonhava com uma terceira criança, mas não conseguia ver o rosto. Depois que “eu nasci” na família, ela teve certeza que eu era a criança dos seus sonhos.

Sempre fui muito companheira de meus pais, minha mãe era minha confidente, amiga, conselheira. Meu pai ciumento, protetor e dedicado. Meus grandes exemplos.

Hoje já não tenho meus "pais do coração comigo", mas sempre me senti muito especial, amada por eles me deram tudo o que sempre precisei. Estudo, amor, um lar... o mais precioso que eu podia receber: a estrutura de um lar onde eu era amada e onde eu amava! Nunca me vi como uma filha adotiva, mas como uma filha biológica! Ora fui tão amada e desejada, como poderia ser diferente? Meus pais poderiam não ter me escolhido, mas o fizeram; e mesmo antes de me conhecer. Sou muito privilegiada!

Foi nesse lar que eu aprendi mais e desenvolvi grande relação com o Criador do Universo. Foi nesse lar onde eu recebi a base de uma família para hoje ser mulher sábia em meu lar. Foi nesse lar que eu recebi a chance de me tornar quem sou hoje. Já que eu poderia ser mais uma criança sem ‘eira nem beira’ como tantas outras por aí.
 
 
Deus me deu uma chance, meus amados pais aceitaram a chance de serem instrumentos nas mãos d´Aquele que já tinha o propósito de minha vida. Hoje eu sou extremamente feliz em meu lar, sou psicólogo graças a formação que meus amados pais me proporcionaram e sou esposa graças aos incansáveis esforços deles em me ensinarem tantos dos valores que carrego hoje. Sou feliz porque tenho um Pai no céu que não me desampara e que jamais me desamparou! Almejo, com toda minha alma, reencontrar meus pais num futuro não tão distante..."


Romilda Alessandra Pedromo Trindade, 32 anos, casada. Psicóloga. E-mail:romipedromo@gmail.com

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Meu primeiro dia das Mães no Bebe.com

Escrito e Postado pro Renata Palombo

Esta semana a Bruna Stuppiello do site Bebê.com da editora Abril me convidou para escrever pra eles contando como foi o meu primeiro dia das mães como mãe e não somente como filha. 

Adorei o convite e aceitei participar. 

Hoje a matéria foi publicada no site e me deixou muito feliz ver a sensibilidade da matéria que abordou as várias formas de maternagem e os caminhos que cada MÃE constrói junto com seus filhos. Existem inúmeros caminhos para se tornar e ser MÃE e eu adorei ler cada uma das histórias publicadas lá. 

Abaixo segue o meu relato publicado, mas eu sugiro que você acesse o link da matéria : "O meu primeiro dia das Mães" e se emocione também com os relatos de outras Mães.

No próximo domingo não será o meu primeiro dia das mães como mãe, mas foi uma delicia relembrar... Obrigada Bruna!!!

DIA DA MÃE POR ADOÇÃO TARDIA

O meu primeiro Dia das Mães foi muito especial. Sair da condição de filha para se tornar mãe é um processo um tanto difícil, mas de muito crescimento. Uma coisa que me marcou muito foi poder participar da festa de Dia das Mães da escola onde  meu filho estudava. Parece estranho dizer isto porque bebês não participam ativamente de eventos sociais. Mas o meu "bebê" que "nasceu" na minha vida já com 6 anos de idade me deu o privilégio de vivenciar um momento especial como este logo no meu primeiro Dia das Mães. Sim! Sou mãe por adoção! Adoção tardia.

Confesso que na época, ao aproximar-se a data do Dia das Mães, fiquei bastante apreensiva. É um momento onde se explora muito imagens de mulheres grávidas e bebês e nas homenagens escolares não é diferente: usam-se muitas fotos e vídeos de barrigas e recém-nascidos. 

Como aquele seria o nosso primeiro Dia das Mães juntos eu não sabia muito como lidar com estes apelos e não sabia também como meu filho lidaria. Temi que a escola começasse a pedir fotos das mães grávidas e dos alunos bebês, temi que tudo isso pudesse constranger ou confundir meu filho, que ainda estava e fase de adaptação. Eu não sei ao certo como ele acomodou estas circunstâncias em sua cabecinha, mas sei que a professora dele na época foi de um sensibilidade ímpar para lidar com a situação e para tratar as diferenças em sala de forma tão sábia.

A homenagem que ela preparou com os alunos foi a construção de uma linda caixa de presente com uma foto atual de mãe e filho, e no dia da apresentação os alunos da classe do meu filho cantaram a música "Foi Deus" do Edson e Hudson. Ainda hoje, anos depois, me emociono ao lembrar o trecho da música que dizia "foi Deus que me entregou de presente você, eu que sonhava viver um grande amor assim. Valeu ter esperado o tempo passar para de uma vez meu amor entregar e não sentir solidão nunca mais".

Foi muito gratificante ver a escola tratar meu filho com igualdade levando em consideração suas diferenças. A letra da música retratava uma dupla homenagem porque meu filho tinha compreensão que ele era um presente para mim, assim como eu era para ele. Meu filho tinha compreensão que assim como valeu para mim esperar por ele, também tinha valido para ele esperar por mim.

A homenagem não precisou de barrigas e bebês para expressar de forma tão singela e doce o que toda mãe (biológica ou não) certamente pensa sobre seu filho: um presente de Deus. E o que todo filho (biológico ou não) pensa sobre sua mãe: Um presente de Deus.

Fonte: Arquivo Pessoal

terça-feira, 2 de abril de 2013

Sou Doula

Escrito e Postado por Renata Palombo


 
Fonte: www.maternidadeativa.com.br

Quinta-feira passada foi o último dia do curso de Doulas que eu estava fazendo e como eu publiquei aqui minha impressão do primeiro dia, resolvi publicar também como foi (para mim) concluir o curso.

Apesar de ser um curso de pequena duração, foi (para mim) um curso muito intenso. O conteúdo foi intenso, a carga horaria foi intensa e o contato com as pessoas foi intenso. 

Eu não sei se foi o curso em si, ou o meu momento de vida, mas (para mim) foi transformador. Um divisor de águas... Acho que consigo olhar uma Renata antes do curso e outra depois... Uma maternagem antes do curso e outra depois.

Pude repensar meus conceitos de feminino, sexo, desejo, crença, tempo, existência, maternidade, maternagem, dedicação, decisão, companheirismo, casamento, direito de escolhas, sonhos, respeito, vivência, passado, presente, futuro...

No post anterior escrevi que nascer é um processo, mas na verdade viver é um processo... e quem somos nós para controlar este processo? Quem somos nós para altera-lo? Quem somos nós para reclamá-lo? A vida é muito mais do que podemos enxergar, há muitas coisas escritas nas entrelinhas e muitas vezes assistir a vida com paciência e sem grandes intervenções é a decisão mais sabia que podemos tomar... Estar atento para identificar a hora certa de grandes intervenções, respeitando o tempo e as diferenças. Sim! A natureza é sábia e o Deus que a criou é ainda mais... 

Que Deus me dê sabedoria para identificar a hora certa de intervir e serenidade para contemplar com alegria e que pode seguir seu curso natural.

Nestes dias descobri ainda que já vinha doulando há tempos anteriores ao curso. Desde que me tornei mãe por adoção e mais ainda depois que iniciei este blog, sou procurada frequentemente por mulheres e casais que estão interessados em adotar, que estão no período de adaptação com seus filhos ou que já adotaram, para buscar apoio emocional e esclarecer dúvidas...  As dores das "gestações" e "partos" da adoção acontecem somente na alma, o tempo de "gravidez" pode durar anos e o tempo do "parto" meses...  Recebo quase que diariamente comentários e e-mails nesse sentido e já tive o prazer de ver algumas famílias nascendo, de acompanhar alguns "partos" adotivos, já tive o privilégio de "segurar nas mãos" de algumas mães que ansiavam pela chegada de seus filhos e dizer "força, que eles já estão chegando". 

Taí... acabei o curso, recebei o certificado e estou pronta (pelo menos no que diz respeito a teoria) para doular gestantes, parturientes e puérperas... 


Estou me lançando no universo para ser DOULA. 
Quero doular mulheres que estão gestando na carne, quero doular mulheres que estão gestando na alma e quero doular mulheres que estão gestando na alma e na carne!


Que venham as oportunidades...

*Minha formação foi pelo Grupo de Apoio a Maternidade Ativa (GAMA) em São Paulo. Quem tiver interesse na formação, eu indico. Entre no site do GAMA e se informe sobre próximas turmas.

segunda-feira, 25 de março de 2013

Uma história de Adoção

Escrito por Sheronh Keily Pereira
Postado por Renata Palombo
Fonte: Arquivo Pessoal

Há algumas semana publicamos um texto da Sheronh: "A Maternagem por vários Ângulos" onde ela nos contou um pouco sobre sua história. Hoje ela nos presenteia novamente com mais um texto. Boa leitura!

 
"Uma gravidez indesejada, um namoro sem futuro, um homem desprezível e uma mulher que simplesmente queria cuidar o bebê que estava à espera. Um homem que não aceitou a gravidez e fez ameaças. Uma mulher que desesperada, não tinha apoio da família.

Assumir um filho sem querer continuar um relacionamento, hoje é mais comum do que há 20 anos, por exemplo. Infelizmente, muitos querem um relacionamento baseado em superficialismos, querem relacionamentos sem futuros e não tomam os devidos cuidados. E nesse descuido, pessoas sofrem. É comum hoje encontrarmos mães solteiras que se doam por completo, que procuram certa estabilidade financeira para proporcionar conforto aos filhos. Mas há alguns anos, uma mãe solteira, sem apoio da família, sequer conseguia um emprego. E partiam então, para a adoção.

Há aproximadamente 20 anos uma mulher que já tinha um filho, um menino lindo, mas que também não teve o prazer de poder criá-lo, educá-lo, estava novamente grávida. Seu primeiro filho, um lindo menino passou a receber amor e carinho de um casal de tios. Agora mais uma gravidez, de um homem que não queria assumir a mulher, tampouco a gravidez.

Em 1992 nascia então, uma menina. Sem apoio de alguém da família, a mãe mudou-se de estado em busca de trabalho e estabilizou-se em uma instituição. Trabalhava como auxiliar administrativa e ficou com sua filha por alguns meses naquele local. Viajava com a responsável pela instituição e era obrigada a deixar sua filha com as pessoas daquele local. E assim foi, por aproximadamente 8 meses. Até que a instituição, que era irregular, desestabilizou-se e mais uma vez, uma mãe com uma criança em seus braços, encontrava-se sem rumo certo.

Até o processo final de desconstrução da instituição, tiveram um tempo para decidirem o que fazer. A mãe e os colegas daquele local freqüentavam a igreja local, e lá conheciam muitas pessoas.

Nesse período, um casal que estava aproximadamente 10 anos casado, e com tentativas de ter filhos frustradas, e também com uma decepção, após terem conseguido a guarda de uma criança e meses depois a mãe da mesma voltou para buscá-la, continuava almejando uma criança, que pudesse alegrar seus dias, que preenchesse o vazio existente naquela casa. Foi então, que já conhecedores da situação da mãe e da filha que estavam sem ter aonde ir, foram procurados por um casal de amigos para adotarem aquela menina. Dúvidas, preocupações surgiram, mas a esperança era muito maior. Após algumas conversas, o casal decide adotar a menina, então com 10 meses de vida. O processo de adoção encerrou-se quando a menina já tinha três anos de vida.

Quando o processo foi encerrado a mãe biológica, já havia conhecido outro rapaz, estavam casados e nos primeiros cinco anos de casamento, já tinham dois lindos filhos. Aproximadamente neste mesmo período foi embora para outro estado. Sabe-se que foi um período de muitas dores, de sofrimento, de culpa, mas de superação.

Os pais que realizaram o sonho de ter um bebê adaptavam-se a nova vida, oferecendo sempre muito amor, muita segurança, conforto e dias felizes para a mais nova integrante da família, que criança com saúde e rodeada de carinho.

Os anos foram passando, e a distância não mais permitiu qualquer contato entre as famílias. Os pais adotivos decidiram contar sobre a adoção a filha, e aos poucos ela foi assimilando, entendendo e a curiosidade aumentando. Nunca sentiu raiva, nunca guardou rancores da mãe biológica, e ao contrário disso, passou a querer ter contato, ou ao menos conhecê-la de alguma forma. Amava sua mãe biológica, sim! Amava-a por entender que o fato de ter entregado-a a adoção foi o melhor que pôde acontecer. Sim, dúvidas existiam, principalmente após ouvir algumas declarações como: “você foi abandonada”, “sua mãe não quis você”, e outras. Mas o que prevalecia, era o amor, este enraizado dentro do coração daquela menina, já pré-adolescente, acredito que por Deus.  A partir dos 14/15 anos, começou então uma procura maior, agora tinha a disposição a internet, o tão antigo Orkut. Fazia a procura acompanhada da mãe de coração, que sempre a incentivou. Até que em um belo dia, ao abrir o Orkut, na caixa de recados, estava lá um recadinho que encheu os olhos de lágrimas, que causaram também um medo! Mas ao mesmo tempo, uma felicidade indescritível. Um dos sonhos se realizou e até hoje as duas mantém contato.

Bom, a menina que tanto falei nesse texto sou eu. Há cinco anos eu e a mãe biológica temos contato, e este é quase que diário, graças as redes sociais. Enfrentei sim um período difícil de assimilação e entendimento do que era. Foram várias as vezes que sentia um aperto no coração por não poder estar perto daquela que me gerou, mas sentia um conforto logo.

Lido com a adoção da melhor forma possível, sei o quanto fui e sou amada por meus pais. Acredito piamente que tudo que acontece conosco tem um propósito Divino. De tudo tira-se um aprendizado, uma experiência. E é assim que encaro todo esse processo. Grata por tudo. Grata pelos amigos que nos momentos difíceis estiveram comigo, grata pela vida e por todos meus familiares!

Através das redes sociais, tive o privilégio de conhecer uma pessoa especial demais! Que esteve comigo em TODOS os momentos dos últimos meses. É amiga para todos os momentos, e tornou-se minha mãe virtual, falo de Ana Cristina! Amo você!

Obrigada pelo maravilhoso convite, amiga Renata! Sinto-me feliz e privilegiada por fazer parte de seu blog. Um super abraço a todas que me leram até agora!
Fiquem com Deus!!"
 
Sheronh, sua experiência prova que não importa o que vivemos, mas sim o significado que damos àquilo... Muitas pessoas ao viverem histórias semelhantes se revoltam... outras ao ouvirem histórias semelhantes sentem dó da criança ou raiva da genitora... você (sabiamente) escolheu ser feliz e acreditar que nada na vida é por acaso. Todos nós temos altos e baixos em nossas vidas, temos "buracos" em nossa construção da maternagem e filiação... quão bom seria se todos nós escolhêssemos ser felizes e gratos a Deus pelo que temos e não revoltados pelo que nos falta. Obrigada por compartilhar!
 

* Sheronh Keily Pereira, tem 20 anos, mãe de um anjinho (Nícolas) que aos três meses de vida, deixou essa terra para habitar nas alturas junto com nosso Pai. Divorciada, foi casada durante 3 anos e a separação se deu no período que o filho estava hospitalizado. Atualmente trabalha na prefeitura de seu município, onde está envolvida nas causas sociais do município. É apaixonada por leitura e pela vida.Cristã, vive com fé, é ela que a fortalece sempre.

segunda-feira, 18 de março de 2013

Pais a imagem e semelhança de Deus

Escrito por Juliana Palombo                                                                                                                Postado por Renata Palombo 
Fonte: http://www.advir.com
 
 Hoje temos um texto espiritual escrito por nossa colaboradora Juliana Palombo:
"Meditando sobre a criação do mundo e dos homens, me veio à mente uma reflexão sobre o papel de pai e mãe.  Esses papéis estão atrelados a parir? Ou a gerar?
Deus em sua sabedoria responde essa pergunta claramente através de seu exemplo.
Deus (para quem nEle crê como criador) não pariu filho algum. Ele simplesmente gerou. Gerou dando parte do seu tempo para planejar seu filho. Pensou no tipo de educação que queria dar a eles.  Preparou-se. Mesmo com a agenda cheia, teve fôlego de sobra para assoprar-lhes a vida, e depois de feito tudo isso, viu que era bom, sentiu amor e deu-lhes o título: Filhos. E a Deus, que título se deu? Todo esse empenho, zelo e amor, só podia ser: Pai.
Engraçado, que se pai e mãe fossem só os que parissem, Ele poderia nas gerações depois de Adão e Eva se dar o título de Avô. Mas avô tem outras funções. As que ele exerce geração após geração e nos deixou de exemplo é de PAI.
Concedeu a mulher que parisse através da contribuição do homem, por uma questão prática e dotada de conceitos que podemos abordar depois, para dar sequência a espécie. Todavia não atribuiu o papel de pais e filhos resumidos a esse ato, e sim o citado acima, ou seja, seu modelo comportamental de paternagem/maternagem.
Modelo que quando seguido forma a família. Genitor e Genitora só se tornam pais e mães quando pré-dispostos a amar, educar, ensinar, doar-se. Se esses princípios não fizerem parte da relação, esse homem e essa mulher são apenas genitores e somente aquele ou aquela que receber em seus braços o novo ser e lhes der o necessário para crescer em sabedoria e graça, esses sim poderiam ser pais e mães. Porque Mãe e Pai é diferente de Genitora e Genitor.
Então eu pergunto:
- Quando foi, que parte da história desse mundo as pessoas se esqueceram desse princípio cristão para questionar o papel de pais e mães?
Não consigo precisar, mas com certeza há muito tempo. Porque deturpar um princípio bíblico é consequência do pecado, e esse já está instalado em nossas vidas há muito tempo.
Por isso, para quem ainda não sabe, a adoção não é um consolo, é uma oportunidade. Filho só é filho se assumido por um pai ou uma mãe.  Diferente disso, ele é apenas um ser parido.
Parir pode ser maternidade/paternidade.  É pôr no mundo um ser e escolher se quer ser para ele pais ou não.
Gerar é maternagem/paternagem. É o processo da escolha, da espera, do planejamento, da doação, da abdicação, de cuidar, zelar e tudo isso pode ser aplicado independente do ato de parir.
A Deus, a minha gratidão, por tanta sabedoria ao criar o ser humano de uma forma tão genuína, porém de nomear uma família pelos afetos que os unem. Obrigada por que mais que parir, nos deu o ato de gerar. Nem todos podem ou querem parir, mas todos podem querer gerar, inclusive os que pariram ou vão parir.
Parabéns se você escolheu gerar, afinal assumir as responsabilidades desse ato é que nos fizeram e farão de muitos PAIS E MÃES."

quarta-feira, 13 de março de 2013

Mães Especiais


Escrito e Postado por Renata Palombo

Fonte: Google Imagens

Há algumas semanas, por motivos de saúde de um familiar, eu precisei passar o dia inteiro na AACD. Pra quem conhece a AACD, já esteve lá ou apenas já viu alguma reportagem na TV, deve saber que lá é um lugar cheio de mães.

Mães tão diferentes e tão iguais a mim, ao mesmo tempo.

Diferentes porque cada mãe tem uma história e cada mãe tem um filho diferente do outro. Lá tinha filhos deficientes visuais, cadeirantes, com paralisia cerebral, com ausência de membros, com todos os membros, no colo, no carrinho, no chão, grandes, pequenos...

Iguais porque observei que cada uma daquelas mães tinham o desejo e o esforço para aceitar as responsabilidades e preocupações da maternagem sejam elas quais forem. Eu não conheço a história de cada uma daquelas mães e nem sei que tipo de mães são, se são autoritárias, permissivas, amorosas... não sei se são boas ou más ou se assim como eu são boas e más... mas uma coisa eu tenho certeza: a maioria delas eram mães que não desistiram de seus filhos diante das dificuldades que enfrentam.

Eu tenho muitas dificuldades com meus filhos, mas nunca vou desistir deles. Será que isto me faz uma mãe especial?

Me lembrei de uma amiga muito querida que quando descobriu que seu bebê tinha uma grave deficiência visual ouvia muitas pessoas lhe dizerem frases como: "Deus só dá filhos especiais para mães especiais". Um dia ela me confessou que odiava ouvir isso porque pensava com revolta: "Eu não quero ser uma mãe especial, quero ter um filho normal e ser uma mãe normal".

Eu também ouço coisas assim. Muitas pessoas dizem que sou uma mãe especial, por ser mãe por adoção, adoção tardia.

Eu tenho filhos normais (pelo menos do ponto de vista físico), que são adotados. Isto me faz uma mãe especial? Estas mães com quem tive a oportunidade de conviver na AACD por um dia tinham filhos biológicos "especiais" portadores de inúmeras deficiências físicas e intelectuais. Isto faz delas mães especiais? Quem é mais especial: eu ou elas? E quem é mãe por adoção de um filho portador de deficiencia, é duplamente especial?

Enquanto eu olhava para aquelas mães e aqueles filhos, eu fiquei pensando que não importava as limitações que os filhos tinham, a vida segue para todo mundo com lutas, dificuldades, desafios, conquistas, gratificações, amores, tristezas, medos, descobertas... Sim... além do que, o que é luta pra mim pode não ser para outra, o que me causa medo pode não causar na outra, o que tenho como dúvida posso encontrar como resposta na outra e assim por diante...

Acho que esta diversidade não torna ninguém melhor do que ninguém, até porque eu nem sei se o "igual" existe ou sé é apenas o "mito do igual".
 
Meus filhos têm muitas limitações e eu como mãe, também tenho muitas delas.

Deveríamos parar com a mania de segregar, rotular, de achar que todas as pessoas são mais ou menos felizes pelas limitações que enfrentam ou ausência delas. Pessoas não são mais ou menos especiais pelas escolhas que fazem.
 
Todas as mães são especiais!
 
Todos os filhos são especiais!

segunda-feira, 11 de março de 2013

A Maternagem por vários Ângulos

Escrito por Sheronh Keily Pereira
Postado por Renata Palombo
 
O texto de hoje é de uma leitora do nosso blog: Sheronh Keillyh. Ela tem uma história ímpar com a adoção e maternagem e hoje conta um pouquinho disso pra gente... Eu amei o texto dela e acho que vocês também vão gostar.
 
"A verdade é que preconceitos são adquiridos, e é na convivência que certos conceitos são quebrados.
 
Infelizmente, o tema adoção ainda não faz parte dos temas mais discutidos entre os de amigos. E sabe  por que eu falo que infelizmente? Porque há grande necessidade de discutir este assunto, e quem sabe um pouco sobre adoção concorda com essa minha linha de raciocínio.
 
Dados deste ano mostram que a quantidade de pais inscritos no país para o processo de adoção é maior que a quantidade de crianças e adolescentes aptos para a mesma. Aproximadamente 28000 inscritos, em torno de 5300 crianças e adolescentes aptos, sendo que existem aproximadamente 40 mil crianças. O que explica esses dados? O perfil preferido na adoção que é até os 3 anos de idade. E aí até mesmo aqueles inscritos que querem adotar alguma criança com mais de 4 anos, um adolescente ou jovem tem de ficar na fila de espera. Outro fator que atrapalha o processo de adoção, é a burocracia! Penso que deveria ser mais fácil.


 Bom, mas vamos ao principal motivo de eu ter chegado até este blog: Sou filha adotiva!

 
Fui adotada aos 10 meses de vida, e o processo durou aproximadamente 2 anos até que minha mãe tivesse os documentos em mãos, tudo legalizado. Não estive em abrigo, dos braços de minha mãe biológica, já passei aos braços daquela que me deu todo amor, carinho e educação, a quem devo minha vida. Desde sempre sei de parte do que aconteceu.
 
Hoje, tenho contato com minha mãe biológica, e sim, você pode achar estranho, mas eu A AMO! Acredito piamente nos planos de um Ser Supremo, nos planos Daquele que rege o universo e nossas vidas. Sei conviver com isso tranquilamente. Hoje tenho 20 anos, já fui casada e sou mãe, mesmo que meu filho tenha ficado pouco tempo comigo (partiu para o céu aos 3 meses de vida).
 
Gerar um filho é um sentimento sem explicação e acredito que adotar é sim gerar um filho!
 
Para alguns, a gestação dura meses, outros dura anos! Mas é sim um período em que você se prepara e que ama um ser, sem mesmo tê-lo conhecido.

Por fim, quero aqui dizer que a adoção, é um dos mais lindos manifestos de amor na sociedade. Não faça por dó, por pena... faça-o por e com amor!!

 Obrigada pelo convite Renata! Sinto-me privilegiada por poder contribuir um pouquinho com seu espaço! Beijo no teu coração!"
 
Obrigada você Sheronh!!! Eu que me senti privilegiada com este texto que em tão poucas palavras explana sobre o ponto de vista da maternagem de inúmeros ângulos... pena que as pessoas continuam achando que a possibilidade de ser MÃE existe de uma única maneira.

* Sheronh Keily Pereira, tem 20 anos, mãe de um anjinho (Nícolas) que aos três meses de vida, deixou essa terra para habitar nas alturas junto com nosso Pai. Divorciada, foi casada durante 3 anos e a separação se deu no período que o filho estava hospitalizado. Atualmente trabalha na prefeitura de seu município, onde está envolvida nas causas sociais do município. É apaixonada por leitura e pela vida.Cristã, vive com fé, é ela que a fortalece sempre.



segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Carta à Minha Filha

Escrito e Postado por Renata Palombo
 
Estamos em época de Natal.

A palavra "natal" significa nascimento e é usada para o dia 25 de Dezembro porque é a data em que grande parte do mundo cristão comemora o dia do nascimento de Jesus.

Supomos que minha filha Natalia se chama assim, justamente por ter nascido nesta época. 

A palavra Natalia vem do Latim e deriva de "natus", mesma palavra da qual deriva natal e igualmente significa nascimento (não era muito dificil supor que Natalia também significava "nascimento"). Ontem ela comemorou a data de seu nascimento (mais um ano de vida) e amanhã comemoraremos a data do nascimento de Jesus.

Quando o Diego fez aniversário, eu publiquei aqui uma carta ao meu filho. E hoje eu gostaria de fazer o mesmo pelo aniversário da minha filha e deixar registrado aqui uma carta que escrevi a ela.

Naty,

Independente de ter nascido na época do Natal o significado do seu nome faz jus ao que você realmente é!

Sei que sua vida não foi fácil e ainda não é... Sei que hoje sua vida não é fácil porque como todas as pessoas do mundo você tem suas preocupações, tristezas e dificuldades diárias, mas sei que a bagagem emocional que você carrega consigo torna tudo ainda mais pesado.

Por isso acho que faz jus ao seu nome.!!! Você tem o dom de "nascer" todos os dias e se dar uma nova chance! Você "nasce" diariamente para superar o que passou e "nasce" para tentar fazer diferente! Você é a prova viva de que as pessoas podem aprender todos os dias e que nunca é tarde para fazer diferente. Quebrar ciclos é necessário para todos nós, mas poucos conseguem de fato fazê-lo. Acho que sua capacidade de "nascer" a torna mais forte para quebrar ciclos, embora não acho que lhe seja mais fácil.

Coincidências da vida ou não, me chamo Renata, palavra que também vem do latim e que também deriva de "natus", no caso "renatus" que significa RENASCER.

Sem dúvida sua chegada na minha vida me fez "renascer" e ainda faz todos os dias, pois  renasço diariamente. Precisei deixar morrer todos os meus sonhos e projetos para a maternidade e renascer em sonhos que nunca imaginei que poderia amar tanto.

Assim como pra você, pra mim também não tem sido fácil, porque aprender a ser mãe e descobrir a maternagem é tão ou até mais difícil do que aprender a ser filha. Mas penso que o mais importante em tudo isso é que estamos tentando, "nascendo" e "renascendo" todos os dias numa nova busca de nos compreendermos, nos amarmos e estamos sempre juntas.

Sabemos de histórias de pessoas que por muito menos desistiram.

Ontem foi seu aniversário, e é fato que vivemos muitas dificuldades juntas e separadas. Mas é fato também que neste tempo que nos adotou como pais e que foi adotada por nós como filha também já vivemos coisas maravilhosas e dignas de gratidão infinita a Deus.

Pouco tempo se passou desde que “nasceu” em nossas vidas, mas com tanta intensidade que parece que sempre esteve aqui. Somos muito gratos a Deus por termos participado de suas superações escolares, por termos lhe dado as mãos quando você tentava dar os primeiros passos no “novo mundo”, foi difícil ver você cair enquanto tentava “caminhar”, mas foi fantástico vê-la se levantar quantas vezes foram necessárias e seguir em frente. Vê-la experimentar novos sabores, novas amizades, novos amores, novas fragrâncias, novas dores, novas viagens, novas culturas, novas palavras, novas roupas, novos anos... Tudo isso é o que faz da maternagem a experiência mais fantástica que um ser humano poderia viver.

De tudo o que vivemos, um momento muito especial, foi presenciar a entrega de sua vida a Cristo, não porque quiséssemos impor-lhe nossa religião, mas por vermos que você tem se identificado com nosso mundo, nossos costumes e práticas, tornando irrelevante a falta do "mesmo sangue" correndo em nossas veias.

Estar com você é empolgante: pelo amor que sinto e por tudo o que aprendo. Ser sua mãe é entender que a adoção é muito, muito maior do que qualquer tentativa de explicá-la. A adoção sem dúvida é uma escolha, uma decisão, mas transcende esse caracter tão racional, porque quando se adota de fato e se descobre amando se compreende que não era só uma questão de escolher, mas era também uma questão de necessitar. Hoje eu não apenas escolho ser sua mãe, hoje eu necessito ser sua mãe.

Natalia, você não nasceu de mim, mas certamente nasceu para mim!

Eu, Renata, não renasci para você (resnasci para o mundo), mas certamente renasci por meio de você!

Parabéns por mais um ano de vida que completou! Parabéns pela Maioridade! Parabéns por ser quem você é!

Te amo! Deus te abençoe!

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

O "Mito do Igual"

Escrito e Postado por Renata Palombo


O que é o "mito do igual"? É quando as pessoas acreditam no mito de que todo mundo é igual e como consequência desta crença acabam não sabendo lidar com aquilo que é "diferente".

A adoção é vista como uma forma muito diferente de maternagem e filiação e pra quem convive com isso sabe quantas vezes somos obrigados a ouvir comentários preconceituosos e de diferenciação. Como se fôssemos menos ou mais, como se fôssemos algo estranho, como se fôssemos um estilo de vida super alternativo.

A verdade é que as pessoas (e eu me incluo nisso) falam coisas irreais e sem sentido porque não sabem lidar com a diferença. O que as pessoas (e me incluo aqui de novo) não se dão conta é que o "igual" é apenas um MITO. Quando, por exemplo, falamos em maternagem e filiação eu queria saber o que é igual? Vocês conhecem alguma história de maternagem igual a outra? Uma mãe igual a outra? Um filho igual ao outro? Estou usando aqui a palavra "Igual" como sinônimo de "idêntico, que não varia".

Pior ainda é que baseamos a crença do "igual", no "mito do ideal". Qual é o ideal de mãe? Criamos um ideal e aí cremos piamente que este ideal é o igual e quem não vive este ideal é diferente. Por que cremos nisso?

Eu conheço muitas mães e cada uma delas tem uma história diferente. Eu conheço mães casadas que planejaram seus filhos, mas conheço mães casadas que não planejaram... assim como também conheço mães solteiras que planejaram e solteiras que não planejaram. Eu conheço mães que vivem com um homem que não é o pai dos filhos dela e conheço mulheres que assumiram as maternagem dos filhos do marido. Conheço mães-avós, mães-tias, mães-irmãs. Conheço mães que tentaram abortar e mães que engravidaram de uma aventura. Conheço mães que esperaram 15 anos para ter um filho e conheço mães que nem esperaram. Mães que enganaram o marido para conseguir ter um filho. Mães que engravidaram de marido vasectomizado, mães que tiveram que fazer teste de D.N.A. para comprovar a paternidade, mães que não fizeram pré natal, que ficaram doentes durante a gravidez, mães que fertilizaram o filho in vitro e mães que fertilizaram o filho no coração. Mães que adotaram bebês, que adotaram crianças grandes, que adotaram grupo de irmãos e que adotaram de "cor de pele" diferente da sua. Conheço quem adotou para "tampar um buraco" na vida e quem adotou apenas porque queria ser mãe. Conheço filhos que nasceram de parto normal, de parto cesárea e de fórceps. Conheço mãe de gêmeos e acreditem se quiser conheço até uma mãe de trigêmeos. Conheço mães homossexuais. Eu conheço mães que sentem medo, culpa, raiva, dúvida, amor, alegria, esperança... e conheço as que sente tudo isso misturado e mais um pouco. Conheço mães que queriam menina e tiveram menino e vice-verso. Conheço mães de filhos deficientes fisicos, intelectuais e até deficientes de espírito. Conheço mães religiosas, "porra loucas" e até tradicionais. Mães que trabalham fora, que trabalham dentro e que trabalham em todos os lugares. Conheço mães que tem facebook, que nunca ligaram um computador, que fazem terapia, que dirigem, que andam a pé, que fumam, que bebem, que usam drogas, que não comem carne e nem açúcar e que fazem acadêmia. Conheço mães que querem que o filho seja médico, outra que quer que seja pastor, outra que quer que seja futebolistas e outras e outras e outras...

Imagino que você que me lê também conhece pelo menos uma de cada uma destas mães (talvez uma ou outra não), então, por favor, me diga onde está o "igual", o "idêntico"? Porque ainda assim achamos que todo mundo é igual a mãe ideal? Qual destas citadas aí em cima é a ideal? Porque as pessoas se espantam tanto com quem é mãe por adoção como se hovesse apenas uma ou duas variações de mães? Só agora, rapidamente, consegui me lembrar e citar cerca de 50 variações para mãe, fora as que eu nem me lembrei.

Será que quando eu aponto o diferente significa que todo o resto é igual a mim?

Acho que antes de ficarmos espantados ou curiosos com algum tipo de maternidade diferente da "ideal" deveríamos lembrar que o ideal não existe e muito menos o igual.
O "igual" certamente é um mito!

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Carta ao Meu Filho

Postado e Escrito por Renata Palombo
Filho,

Hoje é seu aniversário! Você está fazendo 9 anos. Nasceu para o mundo há exatamente 9 anos, mas nasceu na minha vida há  exatamente 2 anos e 4 meses.

Parece pouco tempo se pensarmos que são só 2 anos, mas se pensarmos na intensidade de tudo o que já vivemos juntos parece muito!

As vezes parece que foi ontem que tudo aconteceu, e as vezes parece que faz tanto tempo que mal consigo me lembrar como era a nossa vida sem você.

Lembra da primeira vez que nos vimos? Nem sonhavamos que seríamos uma família, mas naquele dia Deus já sabia que você era nosso e que nós éramos seus. Naquele dia Deus viu que nossos corações começavam a se ligar um ao outro.

Lembra da 1ª vez que fomos ao  supermercado? Das esperas pelos finais de semana para nos encontrarmos, das várias vezes que te deixamos no abrigo com o coração doendo de saudades e um nó na garganta, das idas ao dentista, da angustia pela espera da decisão da juíza?

E o dia que o Fórum nos ligou dizendo que poderíamos buscar nosso filho? Você estava lá eufórico esperando por nós, mas na verdade não estava entendendo nada do que estava acontecendo.

Lembra das primeiras vezes que falou pai e mãe? As primeiras birras e desobediencias? E os vários xixis na cama? A primeira visita da "fada do dente", a primeira festa de aniversário, o primeiro dia das mães?

Lembra quando a gente estava aprendendo a ser pais e a você a ser filho? Época dificil , hein? Pensamos em desistir algumas vezes. Qualquer coisa era motivo para você dizer que nosso coração tinha desgrudado e nós sempre dizíamos que  nossos corações não desgrudariam nunca mais.

Já vivemos muitas "primeiras vezes" juntos (e olha que dizem que na adoção tardia se perde as primeiras vezes). São tantas lembranças que não caberia nesta folha. Apesar de serem tantas não são nada perto de tudo o que ainda queremos viver junto com você, perto da tantas outras "primeiras vezes" que estão por vir.

Pais e filhos só se tornam pais e filhos de fato quando os corações "se ligam". Alguns corações se ligam logo que a criança nasce, outros corações demoram alguns meses e outros demoram alguns anos para "se ligarem". Eu não sei te explicar porque demoramos 6 anos para nos encontrarmos, mas eu sei que sou muito feliz por ter achado meu filho e agradeço muito a Deus por isto!

Há mais de 2 anos você já é nosso pela ligação de nossos corações, mas hoje, por uma destas agradáveis coincidencias da vida, você também se tornou nosso pela legitimação da lei! O aniversário é seu mais sua certidão de nascimento com nosso nome foi um presente para todos nós!

Filho, continue crescendo em estatura, graça e sabedoria assim como Jesus. Eu te amo mais a cada dia e me orgulho de ser sua mãe. Nunca duvide do meu amor e nem do amor de Deus!

Seja sempre feliz!!! Te amo!!! Feliz Aniversário...

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

A minha família é tão diferente da sua?

Postado por Renata Palombo
Escrito por Marina Menk


Como não é novidade pra ninguém, meu blog fala sobre maternagem. Por isso, tudo o que é publicado aqui vem do olhar, da perspectiva da MÃE. No entanto eu sempre tive um desejo muito grande no meu coração de que algum filho escrevesse pra gente falando sobre a perspectiva de ser filho. Cheguei a convidar algumas pessoas, e hoje estou tendo o prazer de publicar o primeiro texto com a perspectiva do FILHO, ou melhor da FILHA, uma FILHA POR ADOÇÃO. Podia ser melhor??? Leia o post da nossa querida Marina Menk e depois me responda: "A família dela é tão diferente da sua?"

"Oi Pessoal, meu nome é Marina Menk, tenho 19 anos e curso Publicidade e Propaganda. Fui convidada pelo Blog Descobrindo a Maternagem, para escrever sobre ADOÇÃO.

Creio que fui escolhida, pois sou filha por adoção e não tenho problema algum em falar sobre o assunto. Até porque, para mim, é um assunto normal. Mas sei que existem pessoas que ainda não acham normal e espero que minha contribuição ajude essas a quebrarem suas barreiras.

Primeiro quero partilhar o que penso sobre Adoção. Para mim é uma outra forma de gerar, dando oportunidade a quem quer ser filho ou filha, dando a oportunidade de um lar, uma família para amar, educar e que dê suporte no decorrer da vida.

Para adotar é preciso gerar dentro de si a mesma vontade de uma fecundação e a gestação de um novo ser. A decisão da família e a adaptação são essenciais para que a criança nasça para todos de forma tranquila e seja bem-vinda.

Adoção impede que crianças e adolescentes permaneçam em abrigos por tantos anos, sem ter a chanca de ter uma família e o convívio dos parentes. Sem dúvida, o papel de mãe, pai e irmãos são muito importantes na vida de qualquer pessoa.

Muitos já antecipam que filho adotado vai dar trabalho, honestamente isso pra mim é uma grande piada. Tornaria-se sério, se o pensamento alheio fosse: filho vai dar trabalho. Aí sim, concordo... Não precisa separar filho e filho adotado. Filho é filho. Até porque a dica que tenho pra amenizar o problema com os filhos serve sem fazer distinção. É com amor e a não diferença, pois justamente esses dois sentimentos, que dão a certeza de que aquela criança precisa de você.

Meus pais sempre deixaram claro o significado de "ADOÇÃO", nunca esconderam, sempre soube que fui adotada. Não me lembro exatamente o dia em que me contaram. Foi um processo natural. Acompanharam o meu cresciemento, sempre explicando quando eu perguntava e tentando da melhor forma fazer com que eu entendesse sobre isso e olhasse por um único lado, o amor. E isso dá muito certo, eles foram muito verdadeiros comigo. Contaram-me a verdade simplesmente para eu não perder nenhum detalhe da minha história, para termos os nossos registros, e não para me separar da história dos meus irmãos.

Quanto a discriminação da sociedade, paciência. Todos tem suas limitações. No meu caso que sou negra e fui adotada por uma família com descendência italiana e alemã foi bem complicado, porque as pessoas dizem na maior cara de pau "mas vocês são tão diferentes!!!". Minha família sempre tratou com tanta naturalidade que inclusive rimos quando lembramos dessas situações. Porque o que é ser diferente?

Ser adotado não é uma coisa de outro mundo, não te faz uma pessoa melhor e nem pior. Com toda certeza uma família que adota também vive sabores e dissabores. Troca-se muito amor, confiança e amizade. E isso dá força para os dias difícieis.

Sou uma pessoa de sorte por ter a família que tenho. Os amigos e todaas a pessoas maravilhosas que estão ao meu redor. Não sei o que seria de mim sem a minha família, eles são as melhores pessoas que Deus colocou na minha vida. Por mais que a gente brigue ou discuta. Tenho certeza do nosso amor. Foi um amor conquistado no encontro entre mãe, pai e a filha do coração.

O clichê é que pai e mãe são quem cria, mas para mim, pai e mãe são quem ama. E isso serve para todas as pessoas dentro de uma FAMÍLIA.

E então, a minha família é tão diferente da sua????
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