sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Descobrindo a "Tiaternagem" - Parte II

Escrito e Postado por: Renata Palombo


Há 10 meses escrevi um texto muito especial para mim, o "Descobrindo a Tiaternagem". Nele eu falava sobre minha primeira experiência como tia e as deliciosas descobertas deste mundo.

No dia em que eu escrevi aquele texto, eu ainda nem conhecia meu sobrinho, pelo menos não fora da barriga... mas já o amava e já estava descobrindo a "tiaternagem", que assim como na maternagem, nunca se esgotam as descobertas, as conquistas e o crescimento do amor.

Hoje resolvi vir aqui, continuar compartilhando minhas descobertas como tia. Nos últimos 9 meses, desde que meu sobrinho nasceu em nossas vidas, eu...

...Descobri que o primeiro olhar é inesquecível;

...Descobri que um balde pode fazer um banho muito divertido;

...Descobri que minha sala pode, facilmente, virar um quarto de bebê;

...Descobri que meu filho pode ser um excelente cuidador;

...Descobri que uma irmã "desleixada" pode se tornar uma excelente mãe;

...Descobri que a vida se renova;

...Descobri que o amor se Multiplica;

...Descobri que quero continuar sempre descobrindo!

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Ser adotado é ruim

Escrito por Renata Palombo
Postado por Renata Palombo
Fonte: Google Imagens

Quem acompanha meu blog sabe que sou mãe por adoção, quem já leu "Sobre o Blog" sabe também que o blog não tem como objetivo falar sobre adoção, mas sim sobre as descobertas da maternagem independente se biológica ou não, no entanto é constante falar aqui sobre adoção, porque para mim as descobertas da maternagem permeiam, inevitavelmente, a experiência adotiva. Isso significa que em termos práticos, talvez este texto importe apenas para uma parcela muito pequena de mães, mas em termos teóricos poderia importar para muito mais gente, pois reflete o que muitos acreditam e ensinam para seus filhos sobre o que é “ter sido adotado”.
Meu filho mais novo nunca falou muito sobre o fato de ter sido adotado, as vezes eu até desconfiava que ele não tinha muita noção do que isso significava, e de fato acho que não tinha mesmo. Como viveu grande parte da sua vida em abrigo e viu vários “amiguinhos” sendo adotados, possivelmente na construção de mundo dele essa era a forma mais comum de tornar-se filho.

Acontece que conforme o tempo vai passando, suas referências de mundo e filiação tem modificado-se cada vez mais. Suas primeiras manifestações de incomodo diante da filiação adotiva começaram a surgir quando minha irmã e um "monte" de outras amigas ficaram grávidas e ele passou a se dar conta que a maneira mais comum de tornar-se filho é através do nascimento biológico. Tivemos momentos difíceis de conversas sobre o assunto que oras pareciam suprir sua curiosidade e necessidade e oras pareciam confundi-lo ainda mais... Estes, certamente, foram seus primeiros confrontos internos, confrontos com o que já tinha vivido e com o que estava vivendo agora, confrontos com ele mesmo, permeado apenas por suas crenças e seu auto julgamento.


O fato é que as coisas nunca param na relação de nós com nós mesmos! Quando começamos a nos dar conta de que temos algo diferente, isso logo sai do pessoal e caminha para o social e aí sim eu acho que a coisa se torna ainda mais difícil, pois temos que lidar com a crença e julgamento do outro do qual não temos o menor controle. Não que eu acredite piamente que temos controle sobre nossas próprias crenças e auto julgamentos, mas acho que a gente consegue colocar muitas delas em algumas “gavetinhas” e fingir que não as temos, o que nunca é possível fazer com o julgamento do outro.

Com meu filho não foi diferente. Pouco tempo depois de ter que se auto confrontar, começaram a surgir situações em que precisou se confrontar com a sociedade, dentre estas experiência gostaria de destacar uma que me angustiou muito.

Ele brincava em casa com um coleguinha do condomínio de aproximadamente 9 anos, quando o colega viu um porta-retrato com uma foto minha e do meu marido e perguntou para o meu filho onde ele estava quando aquela foto foi tirada. A grande maiora dos  filhos responderiam: “Eu ainda não tinha nascido quando eles tiraram esta fotos”, mas o meu, talvez por ainda crer que a forma mais comum de filiação é a adoção, respondeu de maneira muito natural e espontânea: “Eu não conhecia eles ainda quando tiraram esta foto”. Obviamente o colega quis compreender em que momento um filho vive sem conhecer os pais e o meu filho respondeu ainda de forma muito tranquila: “É porque eu sou adotado”.

O menino fez cara de espanto e disse de maneira hostil:
-Que mentira!
Meu filho ficou meio sem graça e recorreu a mim para ajudá-lo: "
-Mãe, não é verdade que eu sou adotado?
Nessa hora eu já estava bem incomodada com o diálogo, com a reação do amigo e também com o que meu filho pudesse estar sentindo, mesmo assim tentei ser o mais natural possível e disse:
- É sim!
Incrivelmente o menino deu dois passos para tras segurando nas mãos o brinquedo que ele tinha trazido para brincarem. "O que será que está havendo?" - Eu pensei. "Será que revelamos algo terrível?", "Será que ele não sabe o que falar?", "Será que está sem graça pela primeira reação que teve?", "Será que ele não sabe o que é adotado e acha que é alguma doença rara?" Resolvi perguntar:
- Você sabe o que é adotado?
- Sei. Ser adotado é ruim. Muito ruim.

Ai.

Eu adoraria que meu filho mantivesse sua naturalidade e tranquilidade para falar que foi adotado, sempre que necessário, mas percebi que ele ficou muito desconcertado, decepcionado talvez. Possivelmente pensará duas vezes ao revelar “tal segredo” quando novamente se confrontar com situação semelhante.

Eu não fiquei com raiva do menino. Compreendo que ele ache estranho alguém ter sido adotado, porque no mundo dele a forma mais comum de filiação, certamente, é a biológica, mas de onde será que veio a ideia de que ser adotado é ruim??? O que a sociedade acredita sobre a adoção??? O que os pais tem ensinado para seus filhos sobre a maternagem/paternagem por adoção??? Por que será que num mundo onde se fala tanto em diversidade e inclusão social ainda tem gente que acredita que existe uma sociedade homogênea onde todos são iguais???

Eu fiquei muito entristecida com a situação, não porque eu tenha problemas em falar sobre a adoção, não porque eu tenha medo de enfrentar o preconceito social com relação a isso, não porque eu tenha vergonha de não ter gerado biologicamente e queira esconder isso a “sete chaves”. Esta situação me incomodou única e exclusivamente porque como mãe, a coisa que eu mais queria no mundo era poupar meus filhos de situações que os ferissem e que os fizessem sentir-se diferentes, inferiores. Queria que ele nunca mais precisassem passar por isso (mas sei que ainda terão que passar um milhão de vezes). Me incomodou porque a coisa que eu mais queria no mundo era que meus filhos realmente acreditassem que ruim é não ser amado, ruim é nunca ser aceito.

A resposta do meu filho ao amigo foi: "Nada a ver. Ser adotado é legal!”

Eu gostei que ele se defendeu! Mas meu desejo é que um dia ele possa dizer que é legal ser filho e não que é legal ser adotado. A adoção é apenas a forma como o filho chega até nós. Eu nunca ouvi nenhuma criança dizer: “É legal nascer de parto normal”.

Depois que o amigo foi embora, eu (mobilizada pela minha prórpria angustia) retomei o assunto, e tivemos uma longa e proveitosa conversa sobre os diferentes tipos de famílias, os preconceitos de raças e opções sexuais e chegamos a conclusão que o que é mais  importante é SERMOS FELIZES COMO SOMOS E COM O QUE TEMOS.

Se você também é do tipo que acha que ser adotado é ruim, eu vou repetir que ruim é não ser amado, ruim é nunca ser aceito e vou acrescentar ainda que ruim é não ser feliz.

Que cada um de nós encontre felicidade em nossas vidas.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Bruxa Má é ela, eu não!

Escrito por Juliana Palombo
Postado por Renata Palombo
Fonte: Google Imagens

Fui agraciada por este lindo texto de Juliana Palombo. Me emocionou muito. Espero que gostem! 

"Quem vencerá o duelo acima? A decisão é sua! Mas vou ajudar na reflexão. Para isso decidi escrever esse post a base de dois papéis, o de mãe e o de psicóloga, assim posso falar do tema com emoção e com razão.

Durante os cinco anos da faculdade aprendi e descobri coisas valiosíssimas, dentre essas, que o sucesso da nossa profissão está em sermos empáticos. Mas o que é empatia?

A psicologia chama de “inteligencia emocional”. Para Hoffman (1981), é uma resposta afetiva apropriada à situação de outra pessoa, e não à própria situação. Ou seja, é se colocar no lugar do outro, mas não para dar a sua opinião na vida desse outro, e sim para ser exatamente o outro. Difícil né? Mais fácil é dar pitaco.

E porque estou falando de empatia sendo mãe psicologa, quer dizer, na ordem certa dos acontecimentos, o correto é como psicóloga mãe? É simples, hoje enquanto repetia a árdua tarefa de ensinar meu filho de cinco meses a dormir sozinho (tarefa mais pesada e cansativa que me arrepia só de pensar que existe essa hora na minha e na rotina dele) recebi uma notificação no facebook da minha irmã relatando com certa angústia que uma pessoa leu o blog e por conta de um dos posts voltou atrás em uma decisão.

Quem acompanha este blog, sabe que um dos temas é adoção. Essa pessoa, afirmava que estava tão desgastada com a relação mãe e filho que iria devolver o garoto, mas ao ler o post “A chegada do filho e a fase de adaptação” (Se você não leu, leia) repensou e viu que precisava insistir mais e mais, afinal filho é para sempre.

Aposto que se você chegou até aqui na leitura, é provável que tenha processado na sua mente e no seu coração não a decisão final de não devolvê-lo, e sim um julgamento sobre a atitude inicial de desejar devolver. E se isso aconteceu, seu pensamento foi mais ou menos assim:

- Nossa que horror, para que adota se vai cometer essa crueldade. Certeza que esse vai ser revoltado. Bruxa Má!!!

PÁRA TUDOOO e volte a ler sobre empatia e exercite esse conceito.

Pensar nessa mãe bem na hora que eu estava quase chorando porque já estava quase há duas horas tentando fazer o filho dormir, já com dor nas costas, sede e óbvio que muito sono, lembrei que também já desejei devolver meu filho, mas para barriga e atire a primeira pedra a mãe que nunca desejou isso, ou indo mais longe, desejou que seu filho voltasse pro esperma do papai e que de lá nunca tivesse saído?

A diferença entre a mãe do biológico e a mãe do adotivo é que cada uma deseja que seu filho volte pro lugar de origem. Mas a ação é igual para ambas, pois situações de desespero e angústia são idênticas.

Atire a primeira pedra aquela mãe que indiretamente não deu aos avós, tios, ao pai ou sei lá quem os cuidados do seu filho porque cansou?

Atire a primeira pedra a mãe que em um ato de desespero desejou do fundo do coração ter a sua vida de volta onde a preocupação era ela e não o filho?

Atire quantas pedras forem necessárias se você que se tornou mãe já não desejou voltar a ser só filha.

Eu já fui todas essas mães, e olha que só tenho cinco meses de estrada! Negritar a palavra cinco é para reforçar que precisei de cinco meses de prática (meu tempo de mamãe) para entender cinco anos de teoria (época da faculdade).

Não estou defendendo nenhuma dessas mães, nem acusado, apenas levando a reflexão e a quebra do preconceito.

Depois que me tornei mãe, estou aprendendo a ser empática, pelo menos com esse público. O exercício começou com a minha mãe, afinal quem vocês acham que culpo por ter traumas, recalques, problemas, erros? A minha mãe, óbvio. Mas que na primeira semana que passei noites em claro e vi meu humor oscilando em minutos já comecei a perdoar aquela que errou sim, mas tentando acertar.

A segunda que estou aprendendo a ser empática é com a minha irmã, que tornou-se mãe dois anos antes de mim. Minha irmã, autora desse blog, mãe por adoção, e em nada diferente de mim, mãe por parto cesárea. Passamos pelas mesmas neuras, temos os mesmos surtos, os mesmos desejos e diariamente estou aprendendo que ser mãe é a escolha de ter filhos e não a forma como eles nos chegam.

Enfim, ainda bem que existe preconceito, julgamento e pitacos. Se não por eles, como as pessoas que querem ser melhores cresceriam? Afinal, refletir, amadurecer e empatizar é que formam seres humanos melhores.

Se você, mãe, que leu esse post sente culpa por ter se enquadrado em algum exemplo, perdoe-se, pois mães em algum momento de BRUXA MÁ desejam sim não serem mães, considerando que antes de tornar-se mãe você era e continua sendo SER HUMANO.

É uma dádiva a maternagem, mas é mentira que ela nos santifica.

Mães não devem ter vergonha de pedir ajuda. Temos que fazer isto diariamente.

Uma colega disse que para educar filhos, a melhor cartilha é a do coração, eu concordo, porém finalizo com uma pergunta:

- Como vai o seu coraçao? Se ele será a cartilha deve estar em paz, deve estar saudável, deve estar em boas condições, porque esse mesmo coração que as vezes quer fugir e engolir os filhos é o mesmo que dará a eles amor, carinho e confiança.

Educar não se faz apenas com palavras, mas se completa com exemplos de dia a dia.

Nesse duelo, pelo menos eu, quero aprender todos os dias a ser empática.

Torço o mesmo por você!!!"

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Acidentes

Postado e Escrito por Renata Palombo

Eu queria começar escrevendo este texto dizendo que todas as mães gostam muito de seus filhos, mas infelizmente não poderei, porque sabemos que nem todas gostam, mas acho que dá pra começar o texto dizendo que a grande maioria das mães gostam dos seus filhos e gostam muito.

Eu gostos muito, muito, dos meus filhos, mas preciso confessar que a rotina e a correria do dia a dia as vezes me impedem de dar conta disso... Eu sei que faço por eles diariamente muitas coisas por amor, mas as vezes estas coisas ficam tão mecanizadas que parecem ser apenas mais uma de nossas tantas obrigações... Aí, de repente, no meio dessa confusão mecanizada, rotineira e de pouco contato com nossos sentimentos acontece um ACIDENTE.

Sinceramente eu não sei para que servem os acidentes e longe de mim dizer que eles servem para descobrirmos que amamos um filho, porque um filho nós amamos cada dia um pouquinho mais... No entanto só quem já passou por uma situação de acidente com um filho é que vai entender o que estou dizendo, porque sabemos que os amamos, mas na hora em que nos vemos diante da possibilidade de perdê-los parece que tudo isso vem à tona numa intensidade tão maior que é impossível explicar. Nos damos conta que esse amor é muito maior do que achávamos que era e temos medo de passar a viver sem aquele filho na nossa vida, mesmo que por muitas vezes tenhamos pensado como era mais tranquila nossa vida sem eles.

Descobri também que um acidente nos ajuda a lembrar que pessoas são muito mais importantes que bens materiais. Dois dias depois do acidente, meu marido derrubou a máquina fotográfica dentro da água... Incrivelmente eu não me importei!!! Que quebre a máquina, que quebre o carro, que quebre a casa... mas que nunca se “quebre” um FILHO.

Eu sei que ao assumirmos a maternagem assumimos também os riscos de acidentes com nossos "pequenos", mas eu juro que não quero nunca mais precisar deles para lembrar que pessoas valem mais do que objetos e muito menos para lembrar que não sei viver sem meus filhos.
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