terça-feira, 20 de agosto de 2013

"Descobrindo a Paternagem" por Fábio Martins

Escrito por Fabio Martins
Postado por Renata Palombo
Fonte: Arquivo Pessoal
O texto de hoje da série "Descobrindo a Paternagem" é de Fabio Martins: um amigo.
Um amigo de longa data... Um amigo de quando ainda éramos somente filhos... Sou grata a Deus pelo privilégio de tê-lo visto se tornar pai, o texto dele realmente me emocionou... Espero que também gostem e se emocionem. Boa leitura!!!

"Em primeiro lugar, quero agradecer a oportunidade de compartilhar com os leitores do Descobrindo a Maternagem, as minhas primeiras experiências como pai da Maria, que agora em agosto completara 1 ano e 7 meses de vida, mas antes de falar um pouco desse mundo de descobertas que tenho desbravado, quero compartilhar com vocês meu estado de espírito sobre filhos até o ano de 2011.
Machado de Assis, um dos maiores autores brasileiros, encerra seu romance de 1881, Memórias Póstumas de Brás Cubas, com a frase 'Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria' dita pelo narrador-personagem já no apagar das luzes da história, apagar literal, já que o personagem do título é um defunto-autor, enfim, até pouco tempo atrás, eu concordava em gênero, número e grau com Brás Cubas, afinal, do ponto de vista puramente materialista (não confundir com consumismo) para onde quer que se olhe, é possível encontrar miséria, seja material ou moral, se em 1881 já havia essa percepção desiludida com a condição humana, que dizer de 2011, onde a distância entre o progresso material e o (re)progresso moral/social,  se afastam, aparentemente, em progressão geométrica, como, então, de maneira consciente, e, através de um processo de tomada de decisão racional assentir com a possibilidade de ter filhos?
Até o ano de 2011 era capaz de elencar diversas razões para não ter filhos, todas embasadas em motivos que definiria como suficientemente humanistas e racionais, ainda assim, já estava sendo convencido pela minha esposa sobre essa possibilidade,  devo admitir que resistia a ser convencido, diante dos motivos brevemente expostos acima.
Então chegou o mês de julho, mais precisamente o dia 04, quando cheguei do trabalho a noite a Gabriela (minha esposa) me esperava em casa, meu aniversário seria no dia seguinte, então ela me disse que me daria o meu presente naquele mesma hora (coisa que em 12 anos juntos, namoro + noivado + casamento, ela nunca tinha feito, presente de aniversário só no dia), ganhei uma caixinha fechada com um laço e um cartão, dentro havia um par de sapatinhos verde-claro, o que soube imediatamente o que significavam! Naquele momento, um frio subiu pela minha espinha, mas um frio na espinha, curiosamente, muito bom, uma emoção tremenda, uma palpitação, uma grande excitação diante da notícia que mudou completamente, naquele mesmo instante, como num abrir e fechar de olhos, como uma obra do Espirito Santo, a minha visão sobre os filhos e suas implicações.
Ainda meio atordoado com a notícia, processando aquele turbilhão de sentimentos se manifestando ao mesmo tempo, fui ao primeiro ultrassom. Entramos na sala, celulares desligados, DVD para gravar o exame entregue, barriga exposta, gel gelado no devido lugar, monitor ligado, logo a médica começou o procedimento e rapidamente encontrou o embrião, e eu tentando encontrar onde estaria o tal do embrião, porque só conseguia enxergar a estática – olhos destreinados – então a médica fez uma das perguntas mais emocionantes e importantes da minha vida inteira, disse ela: 'vocês querem ouvir o coração?', pensei comigo, coração de quem? Já que não estava entendendo nada, mas não falei nada com medo do ridículo - concordamos, ela apertou um botão na máquina, o som encheu a sala, um coraçãozinho palpitando, num instante entendi de qual coração ela estava falando, meus olhos marejaram, as mãos geladas, meu coração querendo sair pela boca, ouvindo o milagre divino da vida se materializando na minha frente, Deus em Sua infinita bondade e misericórdia estava compartilhando conosco um ato de criação, prerrogativa exclusiva dEle, não tinha ouvido nada parecido até então, nem vou ouvir novamente, o mais belo som do mundo, mesmerizado com a experiência voltamos para casa com longuíssimos meses de gestação, planejamento e preparação para chegada da Maria pela frente, quanta alegria, quanta ansiedade, quanta expectativa!
Em janeiro de 2012 a Maria finalmente chegou! Enrrugadinha, emburradinha, carequinha, magrelinha, banguelinha e loirinha!? A coisinha mais linda e perfeita do mundo inteiro, e lá fui eu atrás dela pelo hospital, para não desgrudar os olhos daquele dom maravilhoso de Deus em forma de bebezinha.
De acordo com o senso comum é dos pais a responsabilidade de educar as crianças, mas eu é que tenho aprendido muito com a Maria e gostaria de compartilhar algumas dessas lições com vocês:
Com a Maria aprendi o valor e a importância das pequenas conquistas para alcançar um objetivo maior, antes de começar a andar ela pacientemente aprendeu a ficar sentada apoiada, depois se sentar sozinha, então aprendeu a se levantar se apoiando, então a dar alguns passos se apoiando nos móveis, então arriscou alguns passinhos sozinha entre espaços pequenos, e finalmente agora está correndo à sua maneira de um lado para o outro, ah sim, também está apreendendo a pular.
Com a Maria aprendi que toda e qualquer conquista deve ser comemorada, seja um mês de vida, seja a habilidade de segurar um objeto pela primeira vez, seja o primeiro sorrisinho, enfim, nada é pequeno ou insignificante demais para não ser celebrado com palminhas e um sorriso, como ela faz quando consegue algo novo, ou nem tão novo mas que tenha sido divertido para ela e obviamente para nós também, assim deve ser a vida.
Com a Maria aprendi que (ao menos por enquanto) dinheiro é só um pedaço de papel colorido. Ela gosta de mexer na minha carteira, tirando de seu lugar os cartões, recibos de compras, e notas de dinheiro, não da nenhuma atenção ao dinheiro, tenta guardar tudo de volta à sua maneira sem se importar com o “vil metal”.
Com a Maria aprendi que estar alimentado, limpo, com saúde e a companhia da família é mais do que suficiente para viver, como diz o ditado 'as melhores coisas da vida não são coisas'.
Com a Maria finalmente começo a compreender as decisões difíceis que os meus pais tomaram em prol da minha educação por mais arbitrarias que essas decisões me pareceram quando eu era uma criança, especialmente no momento da 'correção' em que diziam 'ser para o meu bem', ou que 'doía mais neles' e não é que era a mais pura verdade! Educar dói também no pai, talvez,  até mais.
Na bíblia, Deus frequentemente é retratado como um Pai preocupado com o bem-estar temporal de seus filhos,  um texto da bíblia em particular tem ganhado um novo significado para mim:
'Portanto eu lhes digo: não se preocupem com suas próprias vidas, quanto ao que comer ou beber; nem com seus próprios corpos, quanto ao que vestir. Não é a vida mais importante do que a comida, e o corpo mais importante do que a roupa?
Observem as aves do céu: não semeiam nem colhem nem armazenam em celeiros; contudo, o Pai celestial as alimenta. Não têm vocês muito mais valor do que elas?
Portanto, não se preocupem, dizendo: ‘Que vamos comer? ’ ou ‘que vamos beber? ’ ou ‘que vamos vestir? Pois os pagãos é que correm atrás dessas coisas; mas o Pai celestial sabe que vocês precisam delas' Mateus 6:25; 36; 31
 
Como a Maria depende de seu pai terrestre despreocupadamente para atender as todas as suas necessidades, eu também tenho um Pai celestial que esta interessado em prover todas as minhas necessidades, para que eu dependa dEle despreocupadamente! Simples assim!
Mas Deus também se mostra preocupado com o nosso bem-estar eterno, e o texto bíblico que mostra essa realidade, e que ganhou um significado radicalmente novo é: 'Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eternal' João 3:16. O que para mim é impensável, dar a vida da minha filha, Deus, o nosso Pai, levou às últimas consequencias, movido por um amor que é insondável, imenso e ilimitado, deu a vida de Seu único filho para que eu, e você que esta lendo, pudessemos ser reconcialidos com Ele, como poderia eu desprezar infinito amor?
Só posso agradecer a Deus por sua graça maravilhosa e também por ter me enviado a Maria para me ajudar a compreender ainda que em parte o grandioso amor de Deus por todos nós.
Grande Abraço, Fabio"

2 comentários:

Anônimo disse...

Uau... Parabéns pelo lindo texto Fábio... Deus abençoe vcs!
Juliana Palombo

A Pata Madrinha - Blog disse...

Adorei o texto, muito emocionante !!

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...